Against Obscurity
The gaze lets go from ripeness.
I don’t know what to do with a gaze
overflowing from a tree,
what to do with that ardour
overflowing from the mouth,
and waiting on the ground to flow back to the source.
I don’t know the destiny of light,
but whatever it may be
it is the same as that of a gaze: the same
fraternal dust,
a delayed pain gathering, the shadow,
quivering still,
of a startled skylark.
O olhar desprende-se, cai de maduro.
Não sei que fazer de um olhar
que sobeja na árvore,
que fazer desse ardor
que sobra na boca,
no chão aguarda subir à nascente.
Não sei que destino é o da luz,
mas seja qual for
é o mesmo do olhar: há nele
uma poeira fraterna,
uma dor retardada, alguma sombra
fremente ainda
de calhandra assustada.
Eugénio de Andrade, 1988.
Publisher: Fundação Eugénio de Andrade, Oporto, 1993.